Sempre fui a favor de amamentar, desde pequena soube da importância, afinal eu mamei até os 3 anos e isso ajudou muito na minha saúde na infância. Já adulta estudei nutrição e comprovei mais ainda a importância da amamentação, tirei da minha mente os mitos que o povo coloca sobre 'pouco leite', 'leite fraco' e tantas outras coisas que ouvimos durante toda nossa vida... Quando engravidei de minha primeira filha, eu iniciei o preparo das mamas, fiz banho de sol, usei bucha vegetal, fiz exercícios para fortalecer os mamilos, tinha certeza que tudo seria mil maravilhas! Quando ela nasceu a primeira mamada foi mágica, ela foi para meus braços e antes mesmo de eu poder apoia-la corretamente, ela já estava mamando, pega perfeita, uma fome voraz! Via seus olhinhos felizes e a emoção transbordou dos meus! Nenhuma palavra expressa com veracidade tudo o que senti. Noite transcorreu bem também, mamadas a cada 3 horas mais ou menos. Tudo lindo! Mas no dia seguinte o primeiro problema, ela ficou mais de 5 horas sem mamar por causa de exames a que foi submetida e um dos seios encheu tanto que empedrou, quando ela voltou para meus braços, mamou durante quase uma hora e meus mamilos racharam... fiquei insegura, com medo de não conseguir superar a dor... mas minha vontade de amamentar era grande e superei a dor! Em casa ela mamava em livre demanda o que dava mais ou menos 2 horas de intervalo, dia e noite, isso no início é bem cansativo, acostumar o corpo não é fácil... mas cada vez que olhava para ela mamando, que sentia o quanto ela estava feliz ali, a dor e cansaço desapareciam. Precisei usar conchas de amamentação para os mamilos se recuperarem, hidratava a cada mamada com meu leite, e depois de uns dias meus seios acostumaram com a sucção. Só precisavam regular a produção, tive hiperlactação, então antes das mamadas precisava tirar um pouquinho para ela conseguir pegar sem engasgar. Minhas roupas viviam encharcadas de leite e na rua todos ficavam olhando como se eu fosse um ET. Mas com o tempo isso também normalizou e meu corpo passou a produzir o necessário. Durante seis meses ela mamou só peito e a maior dificuldade foi convencer a todos que só o leite materno era o suficiente, que não precisava de 'aguinha', 'chazinho', 'papinha'... Depois do sexto mês com a introdução dos outros alimentos a dificuldade foi superar a pressão para desmamar... a pressão para não amamentar em livre demanda... a pressão para 'esconder' a amamentação... ouvi muitas vezes que eu deveria 'ter vergonha' de amamentar! Como assim???? Eu tinha era orgulho de poder oferecer para minha filha o melhor alimento que uma criança pode receber!!! Isso sem contar com o vínculo que criamos, que nada, nem ninguém conseguirá quebrar e que é a melhor coisa do mundo! Depois de dois anos a pressão foi ainda maior para o desmame, me olhavam como se eu estivesse cometendo um crime, mas me mantive forte porque sempre acreditei que a hora do desmame seria estipulado por nós duas, quando nós duas estivéssemos prontas! Mas não pode ser assim... quando ela completou 2 anos e 6 meses eu engravidei novamente, e aos 2 anos e 10 meses precisei desmamar por risco de perder a gestação. Já estamos há dois meses sem o 'tete', foi e continua sendo difícil para nós duas, não foi o desmame natural que eu queria... todos os dias ela pede e eu preciso negar, isso dói muito, mas é necessário... Daqui três meses minha outra filha nascerá e já sei que terei 'gêmeas com idades diferentes' mamando! Quando digo isso as pessoas me olham horrorizadas, mas eu não vejo nada de excepcional nisso, sei que minhas filhas não irão mamar para sempre, que na hora delas, cada uma irá desmamar e eu ficarei com as boas lembranças dessa fase maravilhosa. Não tenho medo de criar uma filha dependente, porque sei que de dependente ela não tem nada, muito pelo contrário! Então não vejo problema algum ela continuar mamando até quando se sentir pronta para desmamar, o que pode ser assim que a irmã nascer, ou não... O que aprendi nesse tempo que sou mãe, é que amamentar é muito mais que nutrição. É uma troca sentimentos, uma comunicação sem igual, é sim 'amor em forma líquida'!